quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Vamos falar sobre: Memórias de um Sargento de Milícias



Oi, como vai?
Hoje estou aqui para falar sobre esse divertidíssimo clássico da literatura brasileira, Memórias de um Sargento de Milícias. É um daqueles livros que devemos ler obrigatoriamente no colegial, porque estão nas listas de leitura dos principais vestibulares. Mas quem disse que a leitura de livros da escola precisa ser algo torturante?
O livro conta a história de Leonardo, fruto da relação iniciada por uma pisadela e um beliscão entre Leonardo-Pataca, um meirinho (oficial de justiça), e Maria das Hortaliças, em um navio, quando vinham para o Brasil. Desde que nasceu, Leonardo foi um garoto chorão demais, e, quando cresceu um pouco, já se tornou um dos personagens mais zoeiros da literatura.
Ele pregava peças nos clientes do padrinho, que era barbeiro, rasgava os papéis do trabalho do pai, entre outras coisas.
Quando Leonardo-Pataca descobre uma traição de Marias das Hortaliças (em uma das cenas mais engraçadas do livro), a mulher foge de casa e Leonardo acaba por ir morar com o padrinho, sendo completamente abandonado pelo pai.
O padrinho, que possui certa fortuna, mas que não conquistou da maneira mais honesta, sonha com um futuro de padre para o afilhado, e passa a mão na cabeça do garoto em tudo o que faz. Foi permissivo demais com Leonardo, o que foi tornando-o uma pessoa sem muitas noções do que podia e não podia fazer e, enfim, cada vez mais zoeira.
Acompanhamos como é a entrada de Leonardo na escola, na Igreja, até que cresceu e se tornou um vadio. Embora não tenha um significado muito bom em nenhuma das épocas, não tem exatamente o mesmo significado de xingamento como hoje. Vadio era aquele que não tinha ocupação nenhuma da vida, vivia num bem-bom e sem nenhuma profissão. Na época, pessoas eram presas por vadiagem, e isso chega a acontecer com Leonardo!
Não podemos nos esquecer também da comadre. Ela é minha personagem favorita no livro. Aquela típica velha fofoqueira, que se tornou parteira para poder entrar na casa dos outros e "saber das novidades" e ia para a igreja de mantilha (uma espécie de véu) para poder observar todos sem ser observada. Ela faz de tudo por Leonardo, o que inclui arrumar um emprego para que ele não fosse preso novamente por vadiagem (emprego, este, que acaba bem mal), ou inventar mentiras sobre um pretendente da garota por quem Leonardo estava apaixonado, em sua adolescência. 
Acompanhamos toda a vida de Leonardo, desde seu nascimento até se casar e se tornar, como o nome sugere, um sargento de milícias, em meio a muitas confusões e até mesmo reviravoltas.
É um livro engraçadíssimo e, ao contrário do que muitos pensam, não é um bicho de sete cabeças para ser lido. Como foi escrito por Manuel Antônio de Almeida quando ele tinha por volta de 20 anos e foi publicado como folhetim (aos poucos, nos jornais), tem uma linguagem muito elaborada, porém não tão difícil quanto alguns contos de Machado de Assis, por exemplo (qualquer dia farei um post somente sobre eles, são incríveis!). 
Os capítulos são bem curtos, e a história é contada de maneira ágil e bem-humorada. Os personagens são muito divertidos e possuem até certo carisma. O mais interessante sobre eles é que são bem humanos: não são inteiramente bons, nem inteiramente maus, mas tomam decisões e agem de maneiras que podemos não concordar, mas ao menos entendemos. 
Eu sei, não é um daqueles livros que você irá parar, relaxado, para ler em uma tarde feliz e ensolarada de domingo, mas ainda assim recomendo, pelo menos para que a sua leitura obrigatória para a escola não seja aquele calvário que geralmente é. 

Espero que tenham gostado, até a próxima ;D

2 comentários:

  1. Nossa li este livro quando fui prestar meu primeiro vestibular, isso tem pelo menos uns 13 anos. Engraçado ver que estes clássicos ainda se fazem presentes em muitas estantes.
    www.bookspelagi.blogspot.com.br

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  2. Eu escrevi outro comentário mais acho que esse negócio apagou sem querer. Se por acaso foram as duas, apague essa.
    Enfim, eu li esse livro há muitos anos atrás justamente para o vestibular. Confesso que não lembro muito dele, mas em absoluto me lembro de ser divertido. ahuahuaha
    Mas você me deixou com água na boca com essa sua resenha deliciosa. Sério, ela instiga de verdade. Acho que vou tirar o pó do meu livro.
    É lindo ver os blogueiros postando resenhas de livros clássicos. *-*

    bjus
    terradecarol.blogspot.com

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